“
Já não há areia no chão
Às vezes, aquilo que nos incomodava acaba por virar saudade!
Já não há areia no chão,
portas e janelas fechadas…
Já não há pelinho, por aqui e por ali…
Ou patinhas marcadas…
Ou miados loucos de madrugada…
As bolinhas debaixo do frigorífico…
As “corridinhas” malucas e desenfreadas que terminavam debaixo do tapete como que a dizer: “Cucu? Estou aqui!”
Os saltinhos no rodapé da cozinha…
Já não posso dizer ” bom dia, meu quiridão!”
Até posso (e ainda o digo baixinho para acalmar a dor), porém não é a mesma coisa…
Já não posso acolher-te, no meu colo, só quando te apetecia…
Ou no meu quarto ( raramente e ambos sabemos o porquê ).
Já não podemos ralhar, porque foste ao pão de ló…
E quem vai partilhar a lareira?
Para quem vou cantar a “Avé Maria”?
E a piquinha? A piquinha em troca de um pedacinho de fiambre que tanto gostavas…
Bastava dizer ” Piquinha? Vamos lá? ” e seguias-me até ao frigorífico…
E quando chegava a casa, já tarde, algumas vezes? Lá estavas tu, atrás da porta acabada de abrir…olhos vivos, miado mimado, curiosidade deliciosa…
E aquela obediência? Sempre no fundinho da cama da tua ‘Ria, no teu edredão…
Só tu me lias os olhos, os movimentos da alma, as preocupações do coração e, de mansinho, secavas as minhas lágrimas com a tua presença…
Sempre no teu mundo, mas sempre pertinho de nós!
A solidão já era suave por tua causa…
Foste um guerreiro! Até ao fim, quiseste subir as escadas para o teu sítio seguro…
Desculpa-me…Teve de ser…
Nunca poderei ter a certeza de que foi a decisão certa…
Mas estive lá, até adormeceres, e enchi-te de beijinhos…ainda que, por dentro, sentisse que me rasgavam, me arrancavam uma parte de mim…
Tem doído muito…demais até…
Vejo, ouço-te e procuro-te em todos os cantinhos…
Dizem que “amar é deixar ir”…
Então, eu deixo-te ir, porque te amo muito 🤍
E agora?!
Resta a lembrança do quanto fomos felizes aqui e ali…🤍
Para sempre tua,
Para sempre meu Nino.
(Luz)
Foram 17 anos de uma vida tão bonita, meu Nino. Eu tinha 9 anos quando te peguei pela primeira vez. Agora, aos 26, o meu coração guarda um melhor amigo que esteve presente em todas as fases da minha vida. Vou procurar por ti em todas as sombras, durante muito tempo. Cada canto da casa onde crescemos pertence a ti. Obrigada, companheiro 💌
(Jeckinha) “